Na última quinta-feira, 31 de agosto, aconteceu a 1ª Flipcon Brasil, com a presença de Jonathan Bergmann, um dos responsáveis pela disseminação da proposta de sala de aula invertida. Estive lá e compartilho, aqui, algumas impressões do encontro.
Bergmann começa sua apresentação mostrando que a sala de aula centralizada na figura do professor em que estudantes, enfileirados, prestam atenção e tomam nota de explicações, é a realidade de muitos países. Por meio de imagens ele ilustra a fala, indicando a universalidade dessa relação. Por que países tão diferentes em cultura, religião, valores, tamanhos, história apresentam salas de aula tão semelhantes?Por que essas salas de aula são tão semelhantes à salas de aula existentes há 100 anos? O que torna essas salas de aula tão similares? Quais seriam os motivos desse contexto? Tradição, ego e cultura, aponta o palestrante. Para o autor, Flipped learning não é apenas um método de estudo, mas uma estratégia que apoia outras formas de inovar em sala de aula, como Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL), Aprendizagem personalizada, Aprendizagem cooperativa, Aprendizagem por investigação, entre outras.
O que se deve ter em mente para que o processo funcione?
Bergmann aponta algumas sugestões para que as instituições possam avançar nesse processo:
- Formação de professores
- Encontrar as tecnologias digitais que possam dar suporte à mudança: não precisam ser as mais caras, mas devem ser as mais simples!
- Encontrar soluções para os problemas mais comuns dentro da instituição quando se quer implementar a proposta: trocar ideias entre os pares e aprender juntos pode ser a melhor saída!
- Encontrar conexões com outras instituições que também estão implementando para identificar problemas em comum e inspirar-se pelas soluções encontradas: não se trata de reproduzir soluções, mas de aprender com elas.
- Manter-se antenado com as práticas que estão acontecendo ao redor do mundo e, da mesma forma, encontrar semelhanças e diferenças que podem ajudar na reflexão sobre os melhores caminhos a serem trilhados.
Ao avançar nesses passos, o palestrante estimula a participação em comunidades globais e a disseminação dos conhecimentos adquiridos.
Concordo com o palestrante em muitos aspectos. Principalmente quando ele nos relembra a necessidade de compartilharmos nossos aprendizados para, assim, inspirarmos os outros. O fato de registrar nossos avanços também é importante ao se criar um histórico institucional em relação ao processo de inovação. Novamente, como já escrevi em outros textos, defendo uma implementação sustentada. A inovação que chega como um tsunami, arrastando tudo o que vê pela frente, tem menos chance de se manter do que aquela que tem início de forma sustentada, modificando gradativamente algumas ações, contando com a parceria de professores que estejam engajados no processo de mudança e, assim, contaminando toda a instituição.
Para saber mais:
A entrevista feita com o autor, por Andrea Ramal, pode ser lida clicando aqui.
Diversas publicações sobre o tema, em um contexto que inclui as tecnologias digitais, são de autoria de Bergmann, em parceria com Aaron Sams, como a publicação a seguir.