Avaliação e o ambiente online

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A avaliação em condições de aulas que acontecem no ambiente online é sempre uma questão que gera uma certa dúvida: qual o melhor formato para avaliar os estudantes? Como garantir o levantamento de evidências que representam os avanços dos estudantes? Em que momento realizar as avaliações? Entre outras dúvidas de pais, estudantes e instituições de ensino. Assim, é importante refletir sobre alguns aspectos:

Concepções de avaliação

Em outro texto já postado neste blog, fiz uma análise sobre a avaliação pensada como um processo, não um fim. A avaliação considerada como processo pressupõe que a construção do conhecimento não é acumulativa e, portanto, não depende apenas da memorização. Quando internalizamos conceitos e os conectamos a uma rede conceitual, lembramos dessa relação entre conceitos não porque houve uma intencionalidade pedagógica para garantir que esses conceitos fossem “armazenados na memória de longo prazo”, mas porque a rede conceitual é de tal forma significativa, que conseguimos acionar essas informações por meio das conexões que são estabelecidas entre esses conceitos e contextos reais. Esse olhar para a avaliação está conectado a experiências de aprendizagem que colocam o estudante no centro do processo e que são potencializadas pelas metodologias ativas. Assim, a avaliação deve estar conectada ao percurso metodológico que foi adotado pela instituição. Esse é um primeiro ponto de atenção.

Como os instrumentos avaliativos fornecem evidências de que os objetivos de aprendizagem foram alcançados?

Uma questão fundamental para refletir sobre a elaboração de avaliações em um ambiente online é pensar sobre como elaborar experiências avaliativas em que os estudantes possam demonstrar o que aprenderam no ambiente online, considerando que essa será a evidência de que os objetivos de aprendizados selecionados foram alcançados.

Elaborar avaliações que possam ser instrumentos para oferecer devolutivas, feedbacks, aos estudantes é uma forma de identificar os aspectos que precisam ser aprofundados ou retomados e, dessa forma, reorganizar seu currículo enquanto ele está sendo colocado em prática, repensando objetivos de aprendizagem e listando novas evidências que se conectem a eles.

Como relacionar esses aspectos com o ambiente online?

Há diferentes formatos que podem ser escolhidos para utilizar a avaliação no ambiente online. De acordo com o percurso metodológico escolhido e os objetivos de aprendizagem elencados, há opções que melhor se adequam. Vamos a algumas delas:

Rubricas: utilizar rubricas é uma forma eficaz de favorecer a reflexão dos estudantes sobre o percurso e de possibilitar devolutivas mais consistentes. Há diferentes formatos de rubrica: a rubrica analítica, a rubrica holística e a rubrica de único ponto. Airasian (2001) reforça a importância de que as rubricas sejam compartilhadas com os estudantes antes deles darem início à tarefa, para que tenham clareza do que se espera deles naquele momento avaliativo. A utilização de rubricas favorece a mentalidade de crescimento, defendida por Dweck (2008). Há várias fontes que podem ser utilizadas para saber mais sobre a construção de rubricas, como o site Rubstar. As rubricas podem ser utilizadas para avaliar diferentes produções dos estudantes, como vídeos, textos, trabalhos em grupos, livros digitais, entre outras propostas.

Portfólios: quando os portfólios oferecem oportunidade de reflexão sobre o percurso de aprendizagem dos estudantes e são construídos pelos estudantes a partir de parâmetros que foram combinados previamente com o professor, ou construídos coletivamente pela turma, seu papel como avaliação formativa é evidente. Os portfólios podem ser elaborados em diferentes formatos, como os exemplos que podem ser vistos nesta postagem.

Para percursos metodológicos que necessitem de ferramentas mais objetivas, outra ideia é utilizar as inúmeras opções para testes de múltipla escolha, como o Quizlet, o Socrative, entre outros recursos que oferecem a resolução de um problema, utilizando o Nearpod , por exemplo, e envolvendo os estudantes em questões que considerem habilidades mais complexas.

O recurso a ser escolhido será aquele que melhor se conecta com  a visão da instituição sobre avaliação. Principalmente nesses tempos em que as aulas migraram para o formato online, não é recomendado reinventar a roda… O quanto mais as propostas de percursos e avaliação estiverem relacionadas com a missão, os valores e o modelo de trabalho da instituição, mais elas repercutirão positivamente junto aos estudantes e suas famílias. A tarefa não é simples, mas pode ser menos árdua se pensarmos simples e com objetivos claros que justifiquem nossas escolhas!

Sugestões:

Continue suas reflexões sobre avaliação no próximo texto.

Para conhecer alguns materiais de apoio, acesse: www.triade.me/materiais-de-apoio

 

Referências

Airasian, P. W. (2001). Classroom assessment: Concepts and applications (4th ed.). Boston: McGraw-Hill

Dweck, C. S. (2008). Mindset: The new psychology of success. Random House Digital, Inc..


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Publicado por Lilian Bacich

Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (USP), Mestre em Educação (PUC), Pedagoga (USP) e Bióloga (Mackenzie), professora de Ensino Fundamental, Ensino Médio. Coordenadora de curso de Pós-graduação em Metodologias ativas no Instituto Singularidades. Organizadora dos livros: Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação; Metodologias ativas para uma educação inovadora. Cofundadora da Tríade Educacional. www.triade.me Contato: bacichlilian@gmail.com

8 comentários em “Avaliação e o ambiente online

  1. Muito interessante e pertinente os apontamentos sobre avaliação e ambiente online. Sobre o questionamento “qual o melhor formato para avaliar os estudantes?”, penso que diversificar as opções indica um possível caminho para atender os diferentes perfis dos estudantes e assim melhorar o acompanhamento do processo formativo, de modo a reconfigurar a rota avaliativa, quando necessário.

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