Nos textos anteriores sobre avaliação (confira os anteriores aqui e aqui), compartilhei algumas reflexões sobre a avaliação no ambiente online apoiada em referências que tratam da avaliação em qualquer tipo de ambiente. Agora, especificamente, vou retomar algumas referências para a sala de aula virtual, indicadas ao término desse texto, que consideram experiências de cursos que acontecem no ambiente online.
É evidente a necessidade dos professores considerarem modos eficazes de conduzirem uma aula online, oferecerem espaços de discussões eficazes, além do gerenciamento dos estudantes no ambiente para a oferta de atividades colaborativas e de avaliações online. Além da combinação de momentos síncronos e assíncronos, como já comentado em outro texto, valoriza-se a condução de tutoria por parte dos professores, em horários previamente agendados e de forma síncrona.
Desde 2006, nos Estados Unidos, há oferta de escolas e cursos online na Educação Básica nos 24 estados com diferentes propostas. Porém, diferente do nosso caso atual, há programas que são mistos, ou seja, que contam com momentos online e momentos presenciais, como os modelos flex, a la carte e virtual aprimorado, que podem ser aprofundados nas pesquisas sobre Blended Learning. A iNACOL, atualmente incorporada pelo Aurora Institute, desenvolveu uma série de orientações para as aulas online na educação básica, porém sempre considerando que os estudantes poderiam avançar pelos conteúdos de acordo com seu ritmo, tempo e interesse, caracterizando a aprendizagem personalizada como pano de fundo.
Nesse sentido, buscando estabelecer um contraponto com o que temos, hoje, em nossas instituições, considero que alguns aspectos abordados pela iNACOL merecem ser analisados:
1. Coerência: um sistema de avaliação online coerente deve ter compatibilidade entre o modelo de aprendizagem do aluno e o que é proposto no sistema como instrumento avaliativo. Assim, independente do percurso metodológico escolhido, ter a oportunidade de identificar as aprendizagens dos estudantes durante o processo, apoiando a trajetória deles, oferece coerência ao sistema avaliativo.
2. Abrangência: os alunos precisam de vários formatos diferentes para demonstrar sua aprendizagem, ou seja, variar entre testes, questões dissertativas, avaliação por pares, resolução de problemas, entre outros formatos.
3. Continuidade: avaliações fornecem informações que permitem monitorar e avaliar o progresso ao longo do tempo e, para isso, é preciso ter clareza dos objetivos de aprendizagem que se pretende atingir e quais as evidências de que foram atingidos para que se possa passar para a próxima etapa.
Baseados nesses pontos, Palloff e Pratt (2015) comentam sobre as avaliações na forma de testes já ofertados pelos ambientes virtuais de aprendizagem, e que esse é um dos modelos mais frequentes de avaliação, desde que exista clareza de que essas avaliações podem envolver o que eles chamam de “fraude”, mas que isso não deveria incomodar os docentes, pois sabemos muito bem que uma prova (que, nesse caso, seria) com consulta pode oferecer alta mobilização cognitiva se for bem elaborada. Além delas, as produções dos estudantes que envolvam diferentes linguagens, como textos, vídeos, esquemas, livros digitais, etc, podem garantir a abrangência e a continuidade. Porém, acima de tudo, devem garantir a coerência do processo: não se avalia de forma diferente do que foi oferecido como experiência de aprendizagem.
Referências
Littlefield, Jamie. “State-by-State List of Free Online Public Schools, K–12.” ThoughtCo, Feb. 11, 2020, thoughtco.com/free-online-public-schools-4148138.
PALOFF, Rena M. e PRATT, Keith. Lições da sala de aula virtual: as realidades do ensino online. Porto Alegre: Penso, 2015.
Mas acredito que o ensino remoto pode ser aplicado de forma híbrida, ao usar a metodologia da Sala de Aula “remotamente invertida” com a pré-aula, por meio da disponibilização de material de estudos para os alunos (momento assíncrono) e aulas ao vivo (síncrono) por meio de videoconferências, por exemplo, aplicando o debate, sanando dúvidas e discutindo questões, de modo que o aluno seja o foco no processo e planejamento da aula. Falei da SAI, mas acredito que outras metodologias podem ser usadas remotamente de forma a atender os principios que norteiam a aprendizagem e o ensino híbrido
Estamos engatinhando em matéria de aulas online, É temos muito o que aprender. Aqueles que não querem aceitar essa nova forma, penso que deve pedir para sair, pois a sala de aula nunca mais será a mesma. Temos que aprender a ministrar aulas e, consequentemente, aprender a avaliar.