Ensino Híbrido e a personalização

Sala de aula e sua heterogeneidade. Fonte: Pixabay

A sala de aula sempre foi heterogênea, porque é assim que são os seres humanos… se não temos as mesmas características físicas, emocionais, não aprendemos da mesma forma e nem tampouco nos mobilizamos pelos mesmos tipos de estímulos. Apenas numa imagem como essa temos alguma homogeneidade e, como podemos ver, falta cor…

Vamos refletir, então, do que estamos falando quando tratamos de personalização nesse retorno às aulas presenciais. Muitas vezes, nem queremos ouvir falar mais sobre ensino híbrido, mas queremos saber como resolver os desafios com os quais nos deparamos nesse retorno. Falar sobre personalização pode nos ajudar nesse momento. E, veja, a personalização de que trato aqui e em outras publicações não está meramente apoiada em tecnologias digitais e/ou plataformas adaptativas que sozinhas fazem todo o “serviço”. Esse é um equívoco que ainda encontramos em críticos do ensino híbrido que entendem o termo como uma ação mecânica, realizada por algoritmos e distanciada do papel do humano nesse processo. Não é sobre isso que discutimos quando tratamos de ensino híbrido!!

No retorno às aulas presenciais, alguns aspectos são muito importantes para que possamos, em um primeiro momento, atuar com um foco maior na diferenciação para, então, avançarmos para o objetivo de personalização, em que os estudantes conseguem identificar como aprendem melhor e, assim, desenham seus percursos de aprendizagem de acordo suas necessidades e interesses.

Selecionei, de um dos materiais formativos da Tríade, a imagem a seguir e, a partir dela, trago alguns elementos que são fundamentais para essa atuação com um foco maior na diferenciação, em um primeiro momento.

  1. Identificar aprendizagens essenciais: dentre as habilidades selecionadas para aquele ano escolar, quais seriam as aprendizagens essenciais que você gostaria de priorizar neste semestre? Lembre-se: menos é mais! Selecione aquelas que são realmente essenciais nesse momento.
  2. Avaliação diagnóstica: a partir dessa seleção de habilidades, realizar a avaliação diagnóstica presencialmente, para que você consiga obter registros escritos, mas também possa conversar com os estudantes sobre: “O que levou você a fazer essa escolha ao responder a essa questão?”.
  3. Mapear o processo: estabeleça metas, indique quais são seus prazos, quando você pretende chegar em um determinado ponto e o que pretende fazer durante esse processo. O apoio da coordenação é fundamental nesse momento, com a troca entre pares sobre o andamento do processo e o desenho de intervenções que se façam necessárias.
  4. Planejar as aulas: com esses dados em mãos, planejar experiências de aprendizagem que possam endereçar os principais pontos a serem desenvolvidos. Por exemplo, na imagem temos uma estação com leitura e interpretação de texto, uma com atividades mão na massa, outra com produção de mapa conceitual, enquanto o professor está realizando uma atividade com um pequeno grupo. Lembre-se de que nas estações, também precisam ser priorizados os aspectos socioemocionais, não apenas os cognitivos…
  5. Compartilhar com os estudantes: implique-os nesse processo compartilhando com eles quais são os desafios para que os feedbacks sejam constantes e que a motivação para alcançar os objetivos auxilie-os no desenvolvimento da autonomia.
  6. Monitorar: avaliação formativa (outro assunto que você também vai encontrar em vários textos aqui no blog) é fundamental. Colete informações continuamente para poder agir sobre elas, replanejar, desenhar novas metas e, sempre, envolver estudantes (e seus familiares) no processo.
  7. Replanejar: o tempo todo, o processo precisa ser retomado e novas metas desenhadas, compartilhadas, monitoradas.

Neste processo, sabemos muito bem que vários aspectos precisam ser repensados e, assim, atuar continuamente na reflexão sobre os melhores caminhos para a implementação do Ensino Híbrido tem sido um desafio. As tecnologias digitais, a serviço do olhar docente e discente sobre o processo, podem ser elementos mediadores desse percurso, desde que estejam presentes na instituição de ensino e/ou nas moradias, obviamente.

Materiais para aprofundar a reflexão

Aprendendo sempre/Ensino Híbrido: curadoria de materiais que selecionei para a coalização dos institutos e fundações.

The end of average: livro de Todd Rose que apresenta importantes reflexões sobre a dificuldade de lidar com a “média”.

Diferenciar, individualizar e personalizar: texto do Porvir.

Personalização na prática: outro texto aqui do blog, em que falei sobre o assunto.

Gostou e quer citar este texto? Veja aqui como fazê-lo!

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Publicado por Lilian Bacich

Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (USP), Mestre em Educação (PUC), Pedagoga (USP) e Bióloga (Mackenzie), professora de Ensino Fundamental, Ensino Médio. Coordenadora de curso de Pós-graduação em Metodologias ativas no Instituto Singularidades. Organizadora dos livros: Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação; Metodologias ativas para uma educação inovadora. Cofundadora da Tríade Educacional. www.triade.me Contato: bacichlilian@gmail.com

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