A proposta deste texto não é trazer a resposta a essa questão, mas discutir alguns resultados recentes de pesquisas sobre o tema para auxiliar a análise sobre as melhores formas de desenhar experiências de aprendizagem. Atuando na formação de professores, ao compartilhar experiências consideradas transformadoras ao possibilitar o protagonismo e o desenvolvimento da autonomia dos estudantes, ouço com frequência o questionamento: Qual a prova de que deste ou de outro jeito é melhor?
Será que há evidências que nos ajudem a reforçar essas escolhas?
A partir de um material que reúne pesquisas organizadas pelo comitê How People Learn II: The Science and Practice of Learning, criado pelo National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine (N.A.S.E.M., 2018), selecionei algumas conclusões (traduzidas e adaptadas) que mostram alguns caminhos possíveis e que, de certa forma, reforçam o que consideramos ao pensar em elaborar experiências de aprendizagem centradas nas metodologias ativas. Vamos a elas:
- Compreender a diversidade de desenvolvimento, cultural, contextual e histórica dos alunos é fundamental para entender como as pessoas aprendem. (p.2)
- O estudante integra constantemente muitos tipos de aprendizado, deliberada e inconscientemente, em resposta aos desafios e circunstâncias que ele encontra. A forma como um aluno integra funções de aprendizagem é moldada pelo seu ambiente social e físico, mas também molda sua aprendizagem futura.(p.2)
- A aprendizagem bem sucedida requer coordenação de múltiplos processos cognitivos que envolvem diferentes redes neurais. Para coordenar esses processos, um indivíduo precisa ser capaz de monitorar e regular sua própria aprendizagem. A capacidade de monitorar e regular as mudanças de aprendizado ao longo da vida pode ser melhorada através de intervenções. (p.3)
- O conhecimento prévio pode facilitar novas aprendizagens. No entanto, o conhecimento prévio também pode levar a preconceitos, que demandam esforços para serem superados, fazendo com que as pessoas não atendam a novas informações e confiem no esquema existente para resolver novos problemas.(p.3)
- As estratégias de aprendizagem para as quais existe evidências de eficácia incluem maneiras de ajudar os alunos a recuperar informações e incentivá-los a resumir e explicar aquilo que estão aprendendo, bem como identificar formas de estruturar a apresentação do material. Estratégias eficazes para criar estruturas de conhecimento organizadas e distintas encorajam aprendizes a ir além do material explícito, elaborando e enriquecendo sua representação mental de informações, integrando aprendizagens e aplicando-as em vários contextos. (p.5)
- A eficácia das estratégias de aprendizagem é influenciada por fatores contextuais como os dados sobre as habilidades e conhecimentos prévios, a natureza do material a ser trabalhado e os objetivos de aprendizagem. Aplicar de forma eficaz essas abordagens requer uma reflexão cuidadosa sobre quais seus benefícios para determinados alunos, contextos e objetivos de aprendizagem. (p.5)
- A motivação para aprender é influenciada pelo múltiplos objetivos que os indivíduos constroem para si mesmos como resultados de suas experiências de vida e escolares e da experiência do contexto sociocultural em que a aprendizagem ocorre. Motivação para aprender ocorre, em todas as idades, quando os estudantes percebem que a escola, ou ambiente de aprendizagem, é um lugar a que eles “pertencem” e quando o ambiente promove seu propósito. (p.5)
- Pesquisas apontam para a importância de envolver o aprendiz no direcionamento de sua própria aprendizagem, por exemplo, fornecendo feedback e apoio focados no desenvolvimento de habilidades metacognitivas, desafios que são bem combinados com as capacidades atuais do aluno, definindo e perseguindo metas significativas. (p.6)
- Pesquisa apoiam a adoção de modelos que envolvem metodologias ativas, no qual os currículos e as técnicas de instrução favorecem a aprendizagem de todos os alunos, de acordo com seu nível acadêmico. Incluir aspectos da vida fora do ambiente escolar para que eles aprendam por meio de experiências que estejam conectadas aos alunos e que possam ser melhor aproveitadas por eles.(p.6)
- Uso efetivo de tecnologias na educação exige um planejamento cuidadoso para a implementação que aborde os fatores que afetam a aprendizagem. Esses fatores incluem o alinhamento da tecnologia com metas de aprendizagem, provisão de desenvolvimento profissional e outros suportes para professores e alunos, além do acesso equitativo à tecnologia. Avaliação contínua da aprendizagem do aluno e avaliação da implementação são fundamentais para garantir que um uso particular da tecnologia faz sentido, além de indicar rotas para melhoria.(p.7)
Podemos concluir que, de acordo com esse estudo, é importante planejar experiências de aprendizagem que considerem os conhecimentos prévios e o contexto dos estudantes, identificar estratégias e tecnologias digitais que façam sentido para o aluno e que estejam conectadas com experiências que reflitam o mundo real, que se voltem para as necessidades de aprender a aprender e auxiliem na construção de um projeto de vida.
Encontrar uma prova contundente que reforce o percurso metodológico que eu defendo, não é algo fácil. Nem sei se é possível. Afinal, há muitas formas de enxergarmos o mesmo fenômeno, dependendo das lentes que usamos para observá-lo, não é mesmo?
Referência:
National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine 2018. How People
Learn II: Learners, Contexts, and Cultures. Washington, DC: The National
Academies Press.
Fonte da imagem: Pixabay.com
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