Abaixo, trecho de entrevista publicada no site do Instituto Unibanco.
O que é o ensino híbrido?
Lilian: O ensino híbrido é uma abordagem que envolve a conexão entre aquilo que o aluno faz online ou mesmo off-line, mas com o uso de recursos digitais, e aquilo que ele faz presencialmente numa sala de aula física. Quando você combina essas duas experiências de aprendizagem e tem como foco a personalização, aí você está realizando o ensino híbrido com essa proposta de um estudante mais ativo, no centro do processo e de uma avaliação formativa.
Como potencializar os momentos presenciais e on-line?
Além do potencial de estimular a autonomia e o protagonismo do aluno, o on-line também é um meio importante do professor ou da escola coletar informações sobre esse aluno. Por exemplo, se ele fez um mapa mental, o professor já pode a partir desse mapa mental identificar o que ele tem de dificuldade, de facilidade, que tópico ele poderia aprofundar mais. Se ele assistiu a uma videoaula e respondeu a um formulário depois, a escola tem dados quantitativos para saberem o percentual de acertos, o quanto ele apresentou de dúvida. Essas informações potencializam o momento presencial. No ensino híbrido a gente entende que o momento presencial, em que o aluno está face a face com o professor, é o momento para troca, olho no olho, em que o aluno deve estar mais desconectado que conectado, especialmente nesse retorno das escolas, desenvolver a argumentação, o debate, a própria aplicação dos aprendizados que ele trabalhou em casa, aprofundando conhecimentos ou esclarecendo alguma dúvida.
Caso esse aluno não tenha o contato digital na casa dele, que a escola também seja esse espaço para que ele entre em contato com essa cultura digital e possa desenvolver esses desafios on-line na escola também, mas não no mesmo tempo em que ele está com o professor. A gente tem alguns modelos de ensino híbrido que promovem esse revezamento entre o on-line e o face a face com o professor.
A gente tem exemplos de escolas públicas que conseguiram reconfigurar o espaço do laboratório de informática, no sentido de que não tem as mesas enfileiradas, mas espalhadas. E aí você tem um espaço em que os alunos podem trabalhar desconectados com o professor, as vezes numa roda de conversa, ou próximo do laboratório, enquanto que outra parte podem fazer o contato com o digital de uma forma mais individual, principalmente se não teve acesso nesse período em casa. Esse é o modelo chamado de laboratório rotacional, de uso do laboratório de informática.
Com a reabertura parcial e gradual das escolas, como promover a inclusão dos alunos que não têm acesso à internet e aos dispositivos tecnológicos no âmbito do ensino híbrido?
Quando a gente olha para esse modelo do laboratório rotacional, ele é uma estratégia que pode ser muito útil para gente trazer para a cultura digital aqueles alunos que nesse período ou no dia a dia não têm acesso ao digital na casa deles. O Laboratório Rotacional é uma boa experiência para que a gente leve os alunos para o contato digital e ao mesmo tempo tenha a possibilidade de fazer o face a face com o professor e desenvolver outras habilidades.
A gente tem o modelo da sala de aula invertida, em que o aluno se prepara para a aula presencial e nesse se preparar ele pode usar o on-line se ele tiver ou uma mídia social, muitas redes utilizaram o whatsapp, os recursos digitais e outras utilizaram a tevê e o rádio que não se configuram no ensino híbrido mas numa visão ampliada, que é o que a gente vem defendendo, de uma educação híbrida, que pode dar acesso a outros recursos para aqueles que não têm acesso ao digital.
Uma das linguagens que é preciso trabalhar com os alunos nesse século 21 é o acesso à cultura digital. Se ele não teve esse acesso e foi feito algo que cumprisse esse papel por meio de material impresso, TV, a escola não pode se abster dessa possibilidade de quando o aluno voltar a frequentar o espaço físico da escola, é um jeito de lidar com essas desigualdades.
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