Os estudos sobre metodologias ativas remetem às bases teóricas de muitos autores. Nesse sentido, quanto mais estudamos sobre a construção de experiências de aprendizagem com foco no desenvolvimento dos estudantes, mais nos deparamos com pressupostos teóricos fundamentados em autores como Dewey, Piaget, Vigotski, Paulo Freire. Hoje, neste primeiro texto, começarei com Paulo Freire, nascido em 1921, completou seu centenário no ano passado e é o Patrono da Educação Brasileira.

Várias são suas contribuições para a educação, em particular, às metodologias ativas. Vamos analisar algumas citações a partir da lente das metodologias ativas:
Tenho defendido, assim como é possível encontrar no texto de José Valente no nosso livro Metodologias Ativas para uma educação inovadora, que o processo de aprendizagem, de construção de conceitos, tem um percurso baseado na autonomia, apoiado, obviamente, pelo par mais experiente, o professor. Ao motivarmos os estudantes, apoiamos a geração de um propósito, da curiosidade que motiva a descoberta, ao colocar o estudante em ação frente ao objeto de conhecimento, e, de forma crítica, avançar para a reflexão, a construção de conceitos é mais significativa e possibilita o desenvolvimento de habilidades.

Esse modelo, contrapõe-se à “educação bancária”, ação em que o educador, único detentor do conhecimento, deposita nos estudantes informações que serão memorizadas e repetidas em provas ou avaliações. Paulo Freire, de forma crítica a esse modelo de educação, defende que a educação deve promover cidadãos críticos, atuantes, criativos. Para isso, não é a mera recepção de conhecimentos que irá promover o desenvolvimento de habilidades, mas a ação, a problematização que se promove em sala de aula e, assim, professores e estudantes aprendem nesse processo.
Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa.
FREIRE, Paulo. Educação “bancária” e educação libertadora. Introdução à psicologia escolar, v. 3, p. 61-78, 1997.
O processo de aprendizagem da leitura, por sua vez, sempre vem recheado de incertezas quando analisado sobre a perspectiva de um sujeito que aprende na e pela ação. Paulo Freire apresenta, em sua Carta aos professores, um trecho que possibilita essa reflexão.
Ler é uma operação inteligente, difícil, exigente, mas gratificante. Ninguém lê ou estuda autenticamente se não assume, diante do texto ou do objeto da curiosidade a forma crítica de ser ou de estar sendo sujeito da curiosidade, sujeito da leitura, sujeito do processo de conhecer em que se acha. Ler é procurar buscar criar a compreensão do lido; daí, entre outros pontos fundamentais, a importância do ensino correto da leitura e da escrita. É que ensinar a ler é engajar-se numa experiência criativa em torno da compreensão. Da compreensão e da comunicação.
FREIRE, PAULO. CARTA DE PAULO FREIRE AOS PROFESSORES. ESTUDOS AVANÇADOS, V. 15, P. 259-268, 2001.
Quando o autor apresenta a relação entre o “ensino correto da leitura e da escrita” observamos, entre outros aspectos, a importância fundamental do estudante como sujeito do processo, ou seja, ao tornar-se protagonista das ações realizadas, verificamos o papel da ação nas metodologias ativas. Cada vez mais, nessas breves reflexões, verificamos a importância da filosofia freiriana para uma educação mais ativa e inovadora. Vamos dar continuidade a essa reflexão em próximos textos!
Lilian vc sempre muito assertiva em seus textos. Continuarei lendo todos que com eles aprendo muito e vejo que a educação precisa estar nesta linha de aprendizagem, mas enquanto alguns professores continuarem a “ensinar” como há anos atrás…quem perde são nossos novos alunos… infelizmente.