
Repetidamente tenho afirmado, em palestras, formações e outros espaços: transmissão de aula presencial não se apoia nas referências que utilizo para definir ensino híbrido. Sabemos que muitas instituições, apoiadas no que viveram no período remoto, com foco nas aulas síncronas, pressionadas, muitas vezes, pelas famílias, entrando em contato com exemplos divulgados pela mídia, ou por empresas que comercializam equipamentos e, principalmente, por uma impressão de que essa seria a melhor escolha para atender a todos os estudantes, optaram pela transmissão das aulas presenciais. Erroneamente, essa transmissão vem sendo definida como ensino híbrido, provocando preocupação, revolta e, até mesmo, expondo a dificuldade de professores e instituições em tirarem o melhor proveito dessa ação, pois não se identifica o papel do espaço online e o papel do espaço presencial como meios diferentes de construção de conhecimento.
Em textos anteriores (como neste) aqui do blog eu já apontei os motivos para não confundirmos uma coisa com a outra e, neste, gostaria de começar a fazer um movimento diferente… Sabemos bem que não adianta um feedback que não ofereça caminhos para aprimorar e é este o propósito: oferecer opções para que a transmissão da aula fique em segundo plano e que o ensino híbrido, com foco na personalização e no uso das tecnologias digitais para a aprendizagem assuma o papel principal.
Apresentei alguns desafios da aula simultânea, ou transmissão de aula presencial, neste texto e apresento, a seguir, uma possibilidade para que o ensino híbrido apoie na solução deste desafio.
Atenção do professor aos estudantes
Sabemos bem que em uma aula simultânea é muito difícil manter a mesma qualidade de atenção para quem está presencialmente e quem está online. Então, o primeiro desafio é tirar o “simultâneo” do planejamento. Se organizarmos estações de trabalho: estação professor, estação trabalho individual, estação trabalho em grupo conseguimos variar as experiências de aprendizagem, trabalhar com grupos menores e realmente identificar as necessidades e facilidades dos estudantes, apoiando a identificação de onde os estudantes estão, em relação às aprendizagens, e onde precisam chegar.
Veja como funciona a rotação por estações na prática:

Imagine que o professor tenha organizado 3 estações de trabalho> estação individual, estação grupo, estação professor. Em cada estação há uma etapa de trabalho, com propostas que valorizam o desenvolvimento de habilidades e todas elas produzem evidências da aprendizagem.

E, neste modelo, como o professor organiza essas ações em grupo para quem está online? Veja uma sugestão.

Vejam que elas são concomitantes e podem ser organizadas para que o professor não precise ficar com microfone (headset), nem ter microfones pra capturar as vozes dos estudantes, garantindo privacidade a todos! A princípio pode parecer um trabalho maior do professor e sabemos que não é fácil esse tipo de planejamento, porém, em longo prazo, as aulas simultâneas podem apresentar mais desgaste do que esse tipo de organização que é mais metodológica do que tecnológica.
Então, é esse o propósito deste texto e, se gostarem dele, ou já realizaram algo semelhante (espero que os professores incríveis que já passaram por nossos cursos tenham se inspirado nessas soluções) avisem por aqui! Muita força aos professores para lidarem com esses novos desafios e bom trabalho a todos!!
Foi bom ter uma ideia, pois atualmente, não sei nem como começar a planejar as aulas.
Daniela
Espero que tenha sido útil para começar! Grande abraço.
Bom dia. Não sei se você é professora ou não, mas na língua portuguesa não existe “quiz”.
Acho lamentável a desvalorização da língua portuguesa.
Estava lendo seu artigo e sinceramente depois de ler isso, desisti.
Qual o problema em escreve “jogo”????? Ridículo me desculpe.
Olá, Cecília. Boa noite! Que pena que o texto não foi útil para você, mas entendo seu ponto. Se consultarmos o Michaelis, vemos que a palavra foi incorporada à língua portuguesa, talvez mais um caso de anglicismo, como wi-fi, por exemplo. Veja: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/quiz/
A tradução não é jogo, mas teste, caso fique mais confortável para você.
E, sim, sou professora há mais de 30 anos e entendo que o mesmo texto não chega do mesmo jeito a todas as pessoas e, assim, precisamos respeitar os diferentes pontos de vista. Grande abraço.
Quanta elegância na sua resposta. Vimos bem quem é EDUCADORA aqui. Grande abraço, Lilian, Teus textos e tudo o que produzes são BRILHANTES.
Muito importante esse texto! Tenho sido repetitivo na escola que trabalho a fim de não confundirmos o ensino híbrido com transmissão online de aula. Lilian, queria ver artigos de sua autoria sobre o TPACK. Onde encontro?
Beijos e obrigado.
Na minha tese, Everton. Postei pra você: https://lilianbacich.com/2021/02/08/tpack-refletindo-sobre-o-uso-de-recursos-digitais/
Muito bom. Agradeço suas informações. Sou aluna de pedagogia foi muito útil para mim.
Boa noite! Sabe Lilian, sou professor desde 1982 e tenho experiência com computadores desde 1989. Desde que tive contato com computadores tenho tentado aplicá-los à educação. Hoje há uma infinidade de possibilidades, por exemplo, trabalho há dez anos com ambiente Moodle e o aplico em minhas aulas, mas, o que me aflige é o tempo gasto na preparação dessas mídias. Hoje estou aposentado da Secretaria da Educação, não via a hora em que isso acontecesse, por estar esgotado. Vejo que por uma visão política perversa, cada vez mais o governo quer atingir mais alunos sem pensar no lado do professor. Com a pandemia a situação se agravou de tal forma que só falta o governo comprar cola para grudar o professor na cadeira à frente do computador. Para ter um salário digno cheguei a ministrar aulas em 5 escolas diferentes e, se naquela época tivesse uma pandemia como essa, não conseguiria trabalhar adequadamente. Cada vez se quer mais um atendimento individual para os alunos, mas, ao mesmo tempo entregam uma pedagogia de massa, e olha que a massa está aumentando. O governo usa toda essa conversa pedagógica, diga-se de passagem: que daria bons resultados se a situação fosse outra, e usa para pressionar os professores. Tenho muita dó dos colegas que ainda trabalham na rede da secretaria da educação, se estivesse lá hoje, teria desistido e ia trabalhar em outra coisa. Veja que ainda ministro aulas, gosto do que faço, mas as condições para mim são um pouco mais confortáveis hoje do que antes, mesmo assim estou bastante cansado.
Sobre o artigo, concordo plenamente com você. Não dá para fazer ensino on-line e presencial ao mesmo tempo. Concordo com a forma como pode ser direcionado um ensino híbrido, mas, precisa de muito tempo. Um professor com 32 aulas semanais com diversas turmas fica inviável. Concordo que precisamos avançar no conhecimento e na busca de soluções, mas …
Muito importante suas considerações sobre o ensino híbrido. Sou professora há 35 anos do ensino fundamental anos iniciais e esse desafio me deixa desconfortável perante sua importância no sucesso ou não, do ensino aprendizagem dos alunos.
Nossa já compartilhei seu texto. Sou pedagoga e apaixonada pelos TDICS na educação e tenho observado que em minha cidade, o ensino híbrido está sim sendo confundido. O professor vai para a sala de aula – dar sua aula ‘tradicional’ – enquanto coloca seu celular uma transmissão para os alunos que decidiram ficar em casa. A tentativa de uma adaptação do planejamento convencional. Temo pelo resultado e posteriormente pela visão que se pode ficar de um “ensino híbrido que não dá certo”.
Olá Lilian. Meu nome é Diego Ceccato e já participei de dois de seus cursos (antes da pandemia). Tenho utilizado as rotações por estações nas minhas aulas remotas. Gostei muito da publicação. Como sempre esclarecedora. Vou utilizar esse texto como referência na minha tese.
Abraços