Ensino híbrido: esclarecendo o conceito

Atualmente, como já comentei em postagens anteriores (A sala de aula “híbrida”; Ensino híbrido), há dúvidas em relação ao conceito de Ensino Híbrido… Reforço que, ao seguirmos um determinado caminho na definição de um termo, é importante nos apoiarmos em referências que nos ajudem nessa definição. Assim, inicio esse texto informando que as fontes que apoiam a definição são autores que nos ajudam a repensar a educação do século XXI, considerando o estudante no centro do processo.

O que significa Ensino Híbrido quando consideramos o estudante no centro do processo?

Ensino Híbrido tem como foco a personalização, considerando que os recursos digitais são meios para que o estudante aprenda, em seu ritmo e tempo, que possa ter um papel protagonista e que, portanto, esteja no centro do processo. Para isso, as experiências desenhadas para o online além de oferecerem possibilidades de interação com os conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades, também oferecem evidências de aprendizagem. A partir dessas evidências, nos momentos em que os alunos estão face a face com o professor, presencialmente, em uma sala de aula física, é possível que o professor utilize as evidências coletadas para potencializar a aprendizagem de sua turma.

Para atingir essa proposta, há alguns modelos defendidos por autores que publicaram pesquisas sobre Ensino Híbrido (BACICH, TANZI NETO, TREVISANI, 2015HORN e STAKER, 2015GARRISON e VAUGHAN, 2008) e esses modelos podem ser analisados na imagem a seguir.

Fonte: elaborada pela autora a partir da referência presente na imagem.

De acordo com essa definição, portanto, aulas que acontecem no espaço físico da escola e são transmitidas ao vivo para quem está em casa (modelo HOT) NÃO se incluem na definição de ensino híbrido; aulas que acontecem no modelo remoto, com alunos e professores em suas casas, mesmo que combinando momentos síncronos e assíncronos, NÃO se incluem na definição de ensino híbrido; enriquecer aulas presenciais com um jogo online, ou com a apresentação de um powerpoint NÃO se incluem na definição de ensino híbrido. Esses são alguns exemplos de equívocos que tenho observado… compartilhe nos comentários caso queira trazer mais reflexões sobre o tema: vou adorar ampliar essa conversa! Para aprofundar ainda mais a discussão e o estudo dessas referências, fica o convite para nossos cursos online.

Sabemos que tomar as melhores decisões, neste momento que estamos, não é algo simples, pois há vários fatores envolvidos. Porém, as escolhas a serem feitas devem estar bem embasadas e ter como foco a aprendizagem ativa dos estudantes. Apenas dessa forma conseguiremos desenvolver competências essenciais como pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração, comunicação e criatividade!

Como citar? BACICH, Lilian. Ensino híbrido: esclarecendo o conceito. Inovação na educação. São Paulo, 13 de setembro de 2020. Disponível em: https://lilianbacich.com/2020/09/13/ensino-hibrido-esclarecendo-o-conceito/

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Presente e distante: pesquisas que abordam a transmissão ao vivo de aulas presenciais

Muito temos ouvido falar sobre transmissão de aulas ao vivo no retorno às aulas presenciais e, em uma breve revisão da literatura, pretendo trazer algumas reflexões neste texto, apresentando as vantagens e desvantagens desse modelo.

O termo HOT instruction (ZYDNEY et al, 2019), em que HOT significa Here or there (aqui ou lá) é um dos termos utilizados para se referir à uma abordagem em que parte dos estudantes acompanha remotamente, de sua casa ou de onde preferir, a aula que ocorre na sala de aula presencial em que o professor palestra (oferece instrução) para a porcentagem de estudantes que está presente face-to-face.

Apesar de parecer recente na educação, como um efeito da reabertura das escolas pós-pandemia, esse modelo já é estudado há algum tempo, especificamente no ensino superior em cursos semi-presenciais, nos cursos em que os estudantes podem fazer a opção de estudar no campus ou em casa. Foram encontrados poucos artigos que se referem a esse modelo na educação básica e, quando relatados, se referem à etapa do ensino médio.

Dos artigos encontrados, dediquei-me neste texto a um deles, presente nas referências, para listar as vantagens e desvantagens desse modelo, que serão apresentadas a seguir e que, se você leu artigos anteriores publicados neste blog, já deve ter se deparado com minhas considerados sobre isso, reforçadas, agora, pela pesquisa que realizei. Vamos a elas:

Vantagens

Há vantagens da HOT instruction, segundo alguns autores, em aspectos organizacionais e pedagógicos. Em relação à organização, há referências da possibilidade de alunos que vivem em outras cidades e, até mesmo em outros países, terem a oportunidade de envolvimento em um curso presencial, mesmo que não consigam frequentá-lo no campus. Outras vantagens organizacionais se referem a algumas disciplinas eletivas, que podem ocorrer em horários alternativos, em relação à carga horária presencial, além de maior liberdade de professores e estudantes para frequentarem o campus quando assim o preferirem. Há relatos de vantagens pedagógicas, para alunos que apresentam alguma necessidade educacional especial em que o deslocamento para o campus e a permanência em um espaço físico poderiam acarretar déficit de aprendizagens e, acompanhar as aulas de sua residência seria vantajoso; evitaria a evasão de estudantes que não pudessem ou tivessem muita dificuldade de chegar ao campus, muitas vezes pela impossibilidade logística de chegar a alguma instituição e, ainda, vantagem se as aulas pudessem contar com o envolvimento de outros profissionais que pudessem participar dos encontros, o que promoveria a troca de ideias e a ampliação de visões sobre os objetos de estudo. Estes aspectos elencados como vantagens parecem, a meu ver, muito bem conectados com a proposta do Centro de Mídias de Educação do Amazonas, em que tive o privilégio de conduzir uma formação de professores em 2016 e que, para poder chegar a todos os municípios, desde 2007 a transmissão das aulas para a educação básica é feita nesse modelo.

Desafios

No aspecto pedagógico, o professor precisa modificar a forma que sempre utilizou para conduzir suas aulas, ao mesmo tempo que precisa adaptar as aulas a esse formato para atender dois espaços diferentes mantendo os mesmos objetivos, dependendo, para isso, de uma alta performance de conhecimentos tecnológicos para que essa adaptação ocorra com qualidade e que favoreça a obtenção de evidências das aprendizagens dos estudantes. Além disso, há uma necessidade de atenção e foco do professor em dois ambientes diferentes, para que atenda às necessidades dos dois grupos de estudantes. As pesquisam falam em desgaste para focar na tela e focar na turma, variando o foco nos dois ambientes. Talvez, ouvir os professores para poder compreender melhor o que eles pensam de situações como essas seria um excelente caminho para tomar decisões.

Ainda no aspecto pedagógico, as pesquisas relatam que o impacto na aprendizagem não é o mesmo e chega a ser reduzido, principalmente, para os que estão no modelo remoto, que vivem uma experiência muito diferente da presencial, mas também é reduzido para quem está no presencial, porque para ser transmitida com exatidão, as orientações do professor devem ser feitas de forma mais pausada do que o habitual e com mais repetições, o que interfere na qualidade dos resultados obtidos presencialmente além de, provavelmente, reforçar a indisciplina. A disciplina da turma, por não ser uma preocupação das pesquisas realizadas antes do período pandêmico e com adultos, não foi um fator considerado, mas considero que é bem possível imaginar os efeitos de alunos que terão mais dificuldades de se manter sentados e em silêncio (!!) em uma situação que exige distanciamento (por outro lado, se é para mantê-los sentados e em silêncio, por que mesmo eles saíram de suas casas?)

Outro ponto apontado pelos estudos é o emocional em que os alunos, que acompanhavam remotamente as aulas, com frequência se sentiam excluídos das propostas presenciais, principalmente quando ocorria uma queda de conexão que poderia demorar para ser solucionada devido às dificuldades de manter um profissional para suporte técnico em cada sala. Esses estudos relatam que esses estudantes sentiam-se negligenciados uma vez que, mesmo com a queda na conexão, a aula tinha continuidade com os alunos que estavam presencialmente no campus. Reforço que estamos falando de adultos nessas pesquisas… como resolver essas questões emocionais com estudantes que já estão sensíveis e vivendo tantos desafios nesse período. Isso, novamente, sem contar a sensação de frustração dos professores em não conseguirem lidar com esses desafios.

Por fim, apesar do artigo ir longe nas reflexões, há o relato de queda de resultados de aprendizagem apresentados nas avaliações dos alunos que estão no modelo remoto, além de desmotivação, sendo sua atenção comparada à mesma que despendem ao assistir TV, pois as aulas tinham uma tendência de ser preferencialmente expositivas. Por questões tecnológicas, foi relatado que o professor deveria evitar mudar seu posicionamento durante a aula e encontrar um ponto da sala em que conseguisse focar na câmera e nos alunos que estivessem presentes no espaço da sala de aula, além de ter um cuidado especial com o áudio, para que todos pudessem ouvi-lo em um tom de voz adequado, pois ao falar mais alto para ser ouvido pelo aluno que está mais ao fundo da sala, uma vez que ele não deveria se mover de um mesmo ponto, estaria produzindo um som muito alto para os alunos que estão em casa…

Muito importante discutirmos soluções para que a abordagem do Ensino Híbrido que venho defendendo em minhas pesquisas possa funcionar de um modo a garantir não só aprendizagens como engajamento. Que tal pensarmos nos momentos presenciais para a realização de projetos? Seria um excelente momento para trabalhar de forma interdisciplinar e flexível, considerando a atividade dos estudantes que, no período remoto, estariam dedicados às pesquisas e desenvolvimento de propostas a serem aplicadas presencialmente. Em que o professor, desconectado, pudesse estar com sua atenção toda voltada para a sala de aula e para que todos trabalhem, juntos, a série de questões que precisa ser considerada nesse retorno. Em que, dentro do horário do professor, ou dos professores que não retornarem para o presencial, seja possível uma atenção focada aos alunos que estão em casa. Vamos nos esforçar para avançar para o século XXI e não retroceder para uma mentalidade apoiada em uma “educação bancária”.

Referência: RAES, Annelies, et al. Learning and instruction in the hybrid virtual classroom: An investigation of students’ engagement and the effect of quizzes. Computers & Education, 2020, 143: 103682.

Recado: Para você, participante dos cursos da Tríade que foi direcionado para este texto, discutiremos esse tema em nosso encontro síncrono.

E, pra finalizar, o título deste texto é uma provocação: a reflexão sobre presença e distância vai muito além do que consideramos no senso comum…Veja mais sobre isso na excelente explanação do prof Romero Tori.

Como citar este texto? BACICH, Lilian. Presente e distante: pesquisas que abordam a transmissão de aulas presenciais. Inovação na educação. São Paulo, 21 de agosto de 2020. Disponível em: https://lilianbacich.com/2020/08/21/presente-e-distante-pesquisas-que-abordam-a-transmissao-de-aulas-presenciais/ . Acesso em…..

Como citar um texto deste blog?

Você sabia que é possível citar textos de blog e dar créditos às leituras que você faz?

Usualmente, tenho recebido questionamentos referentes ao uso dos textos, ou trechos de textos, que produzo aqui no blog e, para facilitar as informações, segue a orientação sobre como inserir a referência de textos, ou fragmentos dele, que forem utilizados:

ÚLTIMO SOBRENOME DO AUTOR, Nome do autor. Título do post. Nome do blog. Cidade, dia do post, mês do post, ano do post (você acha estes dados no finalzinho de cada post). Disponível em: (copiar e colar o site). Acesso em (coloque aqui a data em que você acessou)

Veja um exemplo:

BACICH, Lilian. WebQuest: como organizar uma atividade significativa de pesquisa. Inovação na educação. São Paulo, 22 de março de 2020. Disponível em: https://lilianbacich.com/2020/03/22/webquest-como-organizar-uma-atividade-significativa-de-pesquisa/ Acesso em: 20 de agosto de 2020.

Prontinho! Em tempos de publicações virtuais, muitas informações acabam não recebendo os créditos de autoria e é sempre importante lembrar que qualquer publicação envolve muito estudo e tempo de dedicação de quem a escreveu.

Aproveitando, se quiser saber mais informações sobre como fazer postagens a partir de publicações feitas online, veja o texto que utilizei como fonte:

Recursos virtuais. Disponível em: https://normas-abnt.espm.br/index.php?title=Recursos_virtuais Acesso em 20 de agosto de 2020.

A sala de aula “híbrida”

Híbrido: mistura de elementos

Muito temos ouvido e lido sobre o desafio do retorno às aulas presenciais. Mesmo sem ter certeza de quando ele ocorrerá em muitos locais, é essencial termos clareza sobre o que significará essa “sala de aula híbrida”, principalmente para fazer valer tudo o que temos estudado, nos últimos anos, sobre a aprendizagem e, em especial, sobre a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e as competências e habilidades que são cada vez mais necessárias neste nosso século.

Híbrido, na proposta do Ensino Híbrido defendida por alguns autores (BACICH, TANZI NETO, TREVISANI, 2015; HORN e STAKER, 2015; GARRISON e VAUGHAN, 2008), baseia-se na definição do blended learning que considera a complementação entre o ensino online, ou mediado por tecnologias digitais, e o ensino presencial, face a face, de modo a obter o “melhor dos dois mundos”. Não se trata de ter a mesma experiência acontecendo online e presencialmente. Podemos encontrar, na definição de Ensino Híbrido, o estudante no centro do processo, o professor com o papel mediador, a tecnologia como um suporte que possibilita o protagonismo dos estudantes e o desenvolvimento da cultura digital.

No Ensino Híbrido, o estudante está no centro do processo e participa de experiências de aprendizagem onde tem oportunidade de debater, argumentar, desenvolver o pensamento crítico e a resolução de problemas. Essas experiências podem ocorrer no momento online, mas são melhor aproveitadas no momento face a face, olho no olho.

O professor não é o centro do processo no Ensino Híbrido. Ele é aquele que estabelece a mediação entre os estudantes e os objetos de conhecimento, desenhando experiências que podem contar, eventualmente, com a explicação de um conteúdo, mas não é só esse seu papel. Seria muito pouco reduzir a aprendizagem a uma mera exposição de um conteúdo. Professores são profissionais com uma formação que os capacita para oferecer experiências de aprendizagem diversas que envolvem os estudantes com habilidades e competências que precisam desenvolver e não é apenas a aula expositiva que tem essa função.

As tecnologias oferecem oportunidade dos alunos produzirem conhecimentos a partir das experiências que foram desenhadas especificamente para esse ambiente. Eventualmente, pode considerar o digital como um recurso para a exposição de algum conteúdo, mas as tecnologias digitais precisam ir além desse papel, oferecendo também possibilidade de interação e acompanhamento das aprendizagens individuais ou em pequenos grupos, produção de conhecimentos.

Ao ler e ouvir o que tem sido comunicado como “sala de aula híbrida” é muito difícil encontrar essas definições embasando escolhas… Na definição do Michaelis para híbrido, além das definições da genética e da gramática, encontra-se “que ou o que é composto de elementos distintos ou disparatados”. Talvez seja essa a definição que, no senso comum (e, portanto, equivocada no que temos defendido no Ensino Híbrido), tem sido utilizada para explicar a sala de aula híbrida. Essa “sala de aula híbrida” considera elementos distintos, como os alunos em sala de aula e os alunos em casa, tendo o mesmo tipo de experiência. Nessa “sala de aula híbrida”, equivocadamente, o professor está no centro do processo, pois é ele quem está com o “microfone”, e quem gerencia o caos de reunir “elementos distintos e disparatados”, como alunos em casa e alunos na sala de aula (“caiu minha conexão, vai ficar gravado?”; “se vai ficar gravado, o que viemos fazer aqui?”; “professor(a), olha o que estão escrevendo no chat”). Essa “sala de aula híbrida” defende a ideia equivocada de que a aula expositiva é a melhor forma de aprender (“pessoal, vamos ficar em silêncio senão quem está em casa não consegue me ouvir”, “não dá pra fazer pergunta agora, porque não tem microfone pra todo mundo”).

Considero que auxiliar a comunidade escolar (famílias, especificamente) a compreender que um modelo de aula em que crianças e jovens precisarão (se já não estão) ficar horas e horas na frente das telas “assistindo” à exposição de um professor não é a melhor forma de desenvolvermos habilidades essenciais. Aprender a aprender, aprender a ser, aprender a conviver, aprender a fazer são os quatro pilares da educação da UNESCO e que merecem ser considerados na sala de aula online, híbrida ou presencial. Mudar os meios não pode significar uma mudança tão drástica dos fins…

O “híbrido” que temos pela frente

The only way you can predict the future is to build it.

Alan Kay, computer scientist

“A única maneira de prever o futuro é construindo-o”. A citação que abre este texto traz uma reflexão sobre as escolhas a serem feitas no retorno às aulas que considera parte dos estudantes presentes fisicamente nas escolas e parte deles presentes em um ambiente virtual, aprendendo remotamente. Há diferentes escolhas a serem feitas e todas elas oferecem pistas do futuro que se pretende construir em uma instituição, ou na educação como um todo. Vamos refletir sobre isso?

Quando o híbrido apenas considera a junção do online com o presencial

Nesse formato, as aulas no espaço físico da escola e aquelas que acontecem em casa são as mesmas. Ou seja, o professor que está em sala de aula expõe o conteúdo, alunos que estão em casa e na escola acompanham o mesmo conteúdo e têm idealmente a mesma aula, independente do ambiente em que estão. Essa forma de unir presencial e remoto considera o professor no centro do processo, o conteúdo que é exposto também é o foco, e é feita a mesma oferta para todos. A aula ocorre de um pra muitos, considera que todos aprendem no mesmo ritmo e imagina-se que, ao apresentar conteúdos de forma igual a todos, obtém-se o mesmo resultado. Como interagir nesse formato será mais difícil e tomará muito tempo, além das dificuldades de conexão, que nem sempre é a melhor para todos, pode-se chegar a um ponto em que todos que estão na sala de aula física ouvem a aula, em silêncio, para não atrapalhar a transmissão para quem está em casa. Quem está em casa tenta acompanhar a exposição da aula, mesmo que lidando emocionalmente com o fato de não estar em contato com aqueles que estão na sala de aula, e sem poder interromper a explicação. Retomando a citação que abre este texto, o futuro que se constrói é aquele que se baseia em um passado que considera o professor como detentor dos conhecimentos a serem transmitidos para alunos que, como tábulas rasas, terão a oportunidade de receber, ao mesmo tempo, a mesma “instrução”.

Quando o híbrido considera o potencial do online para uma melhor experiência presencial

Nesse formato, o momento online oferece a possibilidade de aprendizagem dos estudantes em diferentes tempos e ritmos, com foco no desenvolvimento de habilidades essenciais, mas oferecendo oportunidades para os estudantes irem além do que é proposto. Projetos ampliam a relação dos estudantes com os conhecimentos e possibilitam a construção em grupos, o desenvolvimento do pensamento crítico, científico e criativo, a aproximação com a cultura digital como caminho para que se aprenda mais e melhor, entre outras possibilidades. Os momentos presenciais, então, são momentos de relação com o humano, com outras pessoas, de forma “desconectada”. Nesses momentos, os estudantes podem viver aquilo que não tiveram a oportunidade de fazer no primeiro semestre: a presença física, a troca de ideias sem ter que ligar a câmera e “desmutar” o microfone, a retomada das relações humanas, respeitados todos os cuidados sanitários. Seminários socráticos, instrução entre pares, resolução de problemas, aprendizagem baseada em perguntas, entre outros modelos podem ser utilizados nos momentos presenciais e valorizar a construção coletiva em grupos menores.

Quais são os desafios?

Sem dúvida, trata-se de uma necessidade de mudança de cultura da comunidade escolar como um todo: professores, estudantes, famílias. Há uma falsa ideia de que a mesma carga horária que foi contratada no início do ano letivo tenha que ser entregue para os estudantes, independente da sobrecarga de tela ou do stress que isso possa ocasionar. Além de conscientizar as famílias, há o desafio da formação dos professores, que já se reinventaram no primeiro semestre, substituindo uma forma de lecionar por outra e que, agora, precisam caminhar em sua curva de aprendizagem para adaptar novos modelos às suas expectativas e necessidades, considerando as expectativas e as necessidades dos estudantes e de suas famílias. Pode parecer, para algumas pessoas, que apoiar-se na exposição de conteúdos facilitará o trabalho docente, mas talvez o stress seja ainda maior, além da constatação de que o impacto nas aprendizagens pode não ser o que se espera. Repensar a avaliação é um outro desafio, pois sabemos o quanto ela indica os resultados do processo e se não for considerada como um elemento fundamental para identificar os avanços, corremos o risco de utilizar formas de medidas que não se relacionam com o processo a ser medido, como se utilizássemos quilogramas para medir distâncias…..

Instituições que têm conseguido mostrar outros formatos de engajar os alunos com as aprendizagens e com produções que impactam no desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e valores, estão participando da construção desse futuro, mesmo que ele avance a passos bem menores, mas que ele não retorne a etapas muito anteriores do que já tínhamos conseguido atingir em 2019.

Fonte das imagens: Pixabay

Para conhecer algumas ações feita por professores, acesse: http://www.triade.me/videoteca

Ensino híbrido: muito mais do que unir aulas presenciais e remotas

classroom-2093744_1920Muito frequente em diferentes publicações, discursos e reflexões, o ensino híbrido tomou grandes proporções como a solução para todos os problemas pós-pandemia… Porém, muito mais do que resolver o problema de unir aulas presenciais, nas instituições de ensino, e aquelas que vão ocorrer no formato remoto, na casa dos estudantes, o ensino híbrido é uma abordagem que está inserida no rol de metodologias ativas. Isso quer dizer que há uma concepção de aluno protagonista, de aulas que valorizam o aprender a aprender, de identificação das necessidades dos estudantes com foco na personalização, que parece ficar em segundo plano quando se trata do tema. Essas concepções requerem um estudo um pouco mais aprofundado e uma reflexão sobre o papel das tecnologias digitais nesse processo. Vamos pensar um pouco sobre isso?

Papel das tecnologias digitais no Ensino Híbrido

Diferente do que foi feito agora, no Ensino Remoto Emergencial, em que as tecnologias digitais, para os alunos que têm acesso a elas, substituíram as aulas presenciais e essas aulas, de forma literal, foram transferidas para o online, no Ensino Híbrido, o papel das tecnologias digitais é outro.

As tecnologias digitais favorecem a personalização, na coleta de dados e na identificação de quem são esses alunos, quais são suas dificuldades e facilidades, e como as experiências de aprendizagem podem melhor atender ao objetivo de desenvolver habilidades e competências. Assim, as tecnologias digitais não têm apenas o papel de levar uma aula expositiva a um grupo de alunos que não está presente na escola. Reforço o que muitos outros pesquisadores têm afirmado nesse momento: se as tecnologias digitais forem utilizadas para reproduzir um sistema de ensino centrado na explicação do professor, não teremos oportunidade de desenvolver pensamento crítico, argumentação, comunicação e colaboração como poderia ser feito se as tecnologias forem bem utilizadas e realmente assumirem importante papel nesse momento. Entender os alunos como prosumers  que consomem, mas também produzem no ambiente digital, é fundamental ao elaborar o desenho do papel das tecnologias digitais nesse momento.

Tecnologias digitais deixam de funcionar como um recurso para entregar conteúdo, entregar aulas expositivas, mas para funcionar como mais um elemento mediador da aprendizagem. Assim, as experiências digitais passam a ser construídas como possibilidades de buscar a personalização da aprendizagem.

Papel do espaço, do educador e dos demais estudantes no momento presencial

O espaço presencial pode, nesse modelo híbrido, facilitar a interação entre as pessoas: esse é o grande benefício do retorno, considerando todos os cuidados sanitários decorrentes desse momento. Mesmo com o distanciamento necessário no presencial, há experiências que podem ser organizadas para que o que foi produzido no momento remoto, por meio das tecnologias digitais, atinja um novo patamar de reflexão sobre conteúdos, procedimentos, valores. Qual seria o motivo de retorno às aulas se não para aproveitar a oportunidade de interagir com outras pessoas? Assim, repensar o papel do educador, dos estudantes, e dos espaços é fundamental!

Para saber mais:

Curso online: Metodologias ativas – intensivo de férias

 

Ensino Híbrido: modelos que podem apoiar a reabertura das escolas

blendedA reabertura das escolas, que cada vez mais torna necessário refletir sobre as tecnologias digitais ainda mais presentes nas rotinas escolares, exige dos educadores e das instituições a análise de diferentes cenários.

Os diferentes cenários podem ser aprofundados a partir de estudos realizados por diferentes instituições, como UNESCO e como o excelente documento veiculado pelo Instituto Unibanco, em que é feita uma compilação sobre diferentes orientações de organismos internacionais.

Neste texto, compartilho algumas possibilidades a partir dos modelos de Ensino Híbrido, sobre os quais me debrucei na organização do livro que co-organizei sobre o tema, mas que não foram tão aprofundados no momento. Nossas reflexões sobre o Ensino Híbrido estavam mais voltadas aos modelos sustentados, aqueles que são possíveis com todos os alunos presentes em sala de aula, e não sobre os disruptivos, que consideram que nem todos os alunos estarão na escola, como o Virtual aprimorado e o A La Carte, como visto na imagem a seguir.

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Como sempre gosto de relembrar, nossa visão de Ensino Híbrido apoia-se na relação que Dewey estabelece entre ensino e aprendizagem. Para o autor, não há ensino sem aprendizagem, ou seja, os dois conceitos estão intimamente relacionados e fazer a opção pela palavra “ensino” considera que a contrapartida é a aprendizagem, uma vez que é o estudante que está no centro do processo, é para possibilitar as aprendizagens dele que as aulas são planejadas. Vamos analisar, então, como esses modelos podem contribuir em um cenário de reabertura parcial das aulas:

Virtual aprimorado: presença na escola com fins específicos

Nesse modelo, os estudantes realizam os estudos sobre todos os componentes curriculares no formato online, e frequentam a escola para sessões presenciais obrigatórias com um professor, uma ou mais vezes por semana. Nesses encontros com o professor, são aprofundadas as discussões sobre aspectos que merecem um aprofundamento, um esclarecimento de dúvidas, ou um acompanhamento para auxiliar nos próximos passos, como uma mentoria personalizada. Veja aqui um vídeo que exemplifica esse modelo em uma realidade, obviamente, muito diferente da nossa.

A diferença entre o que foi ofertado pela maioria de nossas escolas nesse momento de aulas remotas e a proposta do virtual aprimorado é a possibilidade de personalização das aprendizagens. Ou seja, as propostas online por meio de vídeos para explanação de conceitos, textos para leitura sobre diferentes ângulos de cada conceito, possibilitam o desdobramento para que os estudantes se aprofundem nos aspectos que geram, individualmente, maior engajamento. Ampliar os instrumentos de coleta de dados, então, torna-se essencial, principalmente para possibilitar esse acompanhamento personalizado.

Em um cenário mais restritivo, esse modelo funcionaria com horários dos professores dedicados a grupos menores de alunos, que se reuniriam, respeitadas todas as diretrizes sanitárias, para o compartilhamento das aprendizagens essenciais, aquelas que foram selecionadas como imprescindíveis para serem trabalhadas nesse ano letivo (veja as matrizes curriculares, citadas nas referências, com esse exercício de seleção de aprendizagens).

Em um cenário menos restritivo, esse modelo funcionaria com a parcela dos alunos que se encontrariam para a realização de estratégias de compartilhamento em grupos maiores, como debates ou resolução de problemas que aplicam as aprendizagens estudadas previamente no formato individual. Vemos, nesse modelo, uma associação com o modelo de ensino híbrido denominado Sala de Aula invertida. Para que esse modelo faça sentido como personalização das aprendizagens, a coleta de dados é essencial, e os encontros presenciais estão apoiados nessas informações.

À La Carte: grade curricular híbrida

No modelo à la carte, de acordo com a definição dos autores (Horn e Staker, 2015), a aprendizagem de uma disciplina é feita completamente no modelo online e, ainda segundo os autores, é mais eficiente no Ensino Médio, nas disciplinas eletivas. Esse modelo poderia ser adequado, portanto, aos itinerários formativos (que tive a honra de colaborar na redação dos referenciais curriculares). Veja aqui um vídeo sobre esse modelo, em uma realidade, obviamente, muito diferente da nossa.

Em um cenário mais restritivo, especificamente para o Ensino Médio, as disciplinas eletivas poderiam migrar completamente para o formato online, possibilitando um acompanhamento tutorado por parte dos professores, com tutoria ocorrendo no formato online, em videoconferências. As avaliações também ocorreriam nesse formato.

Em um cenário menos restritivo, algumas das disciplinas previamente selecionadas, migrariam para finalizar o ano no formato online, acompanhada de perto pelos professores, em videoconferências para discussão e aprofundamento, mas com a entrega de conteúdos no formato online. As avaliações poderiam ser realizadas, por grupo, em encontros presenciais.

Considerações e reflexões

Nos diferentes cenários que apresentei nesse texto, é importante uma reflexão sobre o papel do online nos planejamentos. Mais do que considerar que as aulas presenciais e as online serão no formato “expositivo”, torna-se relevante estabelecer a função de cada momento.

O online apresenta excelente espaço para o “expositivo”, quando no formato aulas gravadas, as videoaulas. As aulas gravadas (com a atenção de não estarem datadas com comentários do tipo: está frio hoje, por exemplo), podem transformar-se em um repositório de explicações sobre conceitos e podem ser reaproveitadas na recuperação das lacunas que, eventualmente, alguns alunos apresentarão.

O síncrono, quando no online, ou o presencial não devem ser espaço para o expositivo, mas para o contato com o humano, com a troca entre pessoas, com luz para questões tão relevantes como empatia, argumentação, pensamento crítico. Receber conteúdos não deveria ser o foco desse momento, mas a possibilidade de resolver problemas e colocar em ação os aprendizados que foram construídos em uma exposição prévia dão mais sentido ao que denominamos como ensino híbrido, que é mais do que a união do presencial com o online, mas é a possibilidade de personalização de aprendizagens e, tomando Cesar Coll (2019) como referência:

A personalização da aprendizagem é concebida, como um conjunto de estratégias pedagógicas e didáticas orientadas a promover e reforçar o sentido das aprendizagens escolares para os estudantes. […] O ponto não é se devemos ou não avançar para a personalização, mas como fazê-lo.

Talvez, seja esse o nosso momento de pensar em como fazê-lo retomando a discussão de que a inovação será cada vez mais metodológica, e não tecnológica. É isso… Vou adorar saber o que pensa sobre essas reflexões!

Referências interessantes

Matrizes Curriculares: realizei a coordenação da área de Ciências da Natureza na produção das Matrizes dos Anos Finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio na parceria do Instituto Reúna com a Fundação Roberto Marinho.

A personalização da aprendizagem escolar, por Cesar Coll.

HORN, M. B.; STAKER, H. Blended: usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação. Porto Alegre: Penso, 2015.

 

 

Recomendações para exposição às telas

imac-1999636_1920Qual o tempo ideal de exposição às telas? Aulas online devem durar a manhã toda, apenas algumas horas, dias alternados?

 

Como lidar com esses momentos de aulas remotas com alunos de anos iniciais? E de anos finais da Educação Básica?

Essas e outras questões têm levado os educadores a refletir muito ao estabelecer suas propostas de trabalho remoto nesse período de educação online. Essas questões têm sido bem recorrentes, tanto por parte de educadores quanto por parte dos pais. Pensando nisso, além de retomar pontos que já comentei em outra publicação como coerência, abrangência e continuidade ao elaborar as experiências online, trago algumas outras reflexões, com base em um documento recente de recomendações para aprendizagem remota elaboradas por equipe da Illinois Sate Board of Education.

tempo de atividades

De acordo com esse tempo proposto, os momentos síncronos, podem ser disparadores de atividades que podem ser desenvolvidas de forma assíncrona, desconectado da tela e voltada para produção de experiências mais concretas, diferentes para cada faixa etária, como já exploramos por aqui, neste blog, em outras postagens. Assim, conforme o estudo, os tempos da tabela incluem o tempo de atenção em atividades que acontecem de forma síncrona ou assíncrona, considerando todo o trabalho do estudante na frente as telas.

Além disso, assim como encontramos em pesquisas voltadas às competências socio-emocionais, sabemos que é importante um olhar para o conteúdo, mas não podemos esquecer de quanto os estudantes e professores estão sobrecarregados nesse processo e, por isso, a ideia de que “menos é mais” vai ficando cada vez mais evidente. Sobrecarregar os estudantes sem ter um plano claro de ação, ou seja, quais são os objetivos de aprendizagem que fazem sentido nesse momento e quais podem ficar pra mais tarde (porque vai ficar tudo bem!!), pode levar à uma falsa impressão de que os alunos aprenderam porque conseguimos transmitir tudo que precisávamos…  Então, vale, sempre que for preciso, parar, dar alguns passos atrás se for necessário, para colocar o barco na rota certa, ou mais próximo dela. Afinal, é novo para todo mundo e, por isso, precisamos estudar, refletir e não ter medo de realizar mudanças, se for preciso. Vamos em frente!!

Para saber mais

CASEL CARES: SEL Resource During COVID-19. Disponível em https://casel.org/covid-resources/

Remote learning recommendations. Disponível em https://www.isbe.net/Documents/RL-Recommendations-3-27-20.pdf

Convidamos você a acompanhar as lives que estão em nosso canal: www.triade.me/videoteca.

 

 

 

 

Webinar: avaliação

Com o objetivo de contribuir com professores e gestores que estão pensando em como transformar os momentos online em experiências de aprendizagem significativas para seus alunos, eu e Leandro Holanda fizemos um encontro online para discutir a avaliação em ambientes virtuais.

Para realizar esse webinar, solicitamos que as pessoas enviassem questões a serem discutidas. Essas questões oferecem um panorama dos principais temas que têm preocupado os professores nesse momento. Para analisar esse panorama, segue nossa análise dos dados coletados:

Dos 476 inscritos, recebemos 122 questões. Os inscritos são professores  e gestores da educação infantil ao ensino superior, em instituições públicas ou privadas. O ponto mais comentado pelo grupo é a preocupação com o formato tradicional de avaliação, que sabemos é o mais frequente nas instituições, e como lidar com estudantes realizando avaliações formais em casa, principalmente para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio e superior. Coordenadores e diretores da educação infantil e anos iniciais demonstram preocupação com formatos de verificar a aprendizagem dos estudantes, principalmente o desenvolvimento de habilidades e competências. A utilização de rubricas, que reforçamos em nosso bate-papo, foi comentada por alguns participantes. De maneira geral, percebemos uma preocupação genuína dos participantes em ter um retrato do desenvolvimento dos estudantes nesse período para que possam intervir de maneira mais eficiente no processo.

Buscamos discutir os temas no webinar, acompanhe e espero que seja útil!

[miniatura Youtube] Webinar 1704

 

Avaliação e o ambiente online (2)

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Nos textos anteriores sobre avaliação (confira os anteriores aqui e aqui), compartilhei algumas reflexões sobre a avaliação no ambiente online apoiada em referências que tratam da avaliação em qualquer tipo de ambiente. Agora, especificamente, vou retomar algumas referências para a sala de aula virtual, indicadas ao término desse texto, que consideram experiências de cursos que acontecem no ambiente online.

É evidente a necessidade dos professores considerarem modos eficazes de conduzirem uma aula online, oferecerem espaços de discussões eficazes, além do gerenciamento dos estudantes no ambiente para a oferta de atividades colaborativas e de avaliações online. Além da combinação de momentos síncronos e assíncronos, como já comentado em outro texto, valoriza-se a condução de tutoria por parte dos professores, em horários previamente agendados e de forma síncrona.

Desde 2006, nos Estados Unidos, há oferta de escolas e cursos online na Educação Básica nos 24 estados com diferentes propostas. Porém, diferente do nosso caso atual, há programas que são mistos, ou seja, que contam com momentos online e momentos presenciais, como os modelos flex, a la carte e virtual aprimorado, que podem ser aprofundados nas pesquisas sobre Blended Learning. A iNACOL, atualmente incorporada pelo Aurora Institute, desenvolveu uma série de orientações para as aulas online na educação básica, porém sempre considerando que os estudantes poderiam avançar pelos conteúdos de acordo com seu ritmo, tempo e interesse, caracterizando a aprendizagem personalizada como pano de fundo.

Nesse sentido, buscando estabelecer um contraponto com o que temos, hoje, em nossas instituições, considero que alguns aspectos abordados pela iNACOL merecem ser analisados:

1. Coerência: um sistema de avaliação online coerente deve ter compatibilidade entre o modelo de aprendizagem do aluno e o que é proposto no sistema como instrumento avaliativo. Assim, independente do percurso metodológico escolhido, ter a oportunidade de identificar as aprendizagens dos estudantes durante o processo, apoiando a trajetória deles, oferece coerência ao sistema avaliativo.

2. Abrangência: os alunos precisam de vários formatos diferentes para demonstrar sua aprendizagem, ou seja, variar entre testes, questões dissertativas, avaliação por pares, resolução de problemas, entre outros formatos.

3. Continuidade: avaliações fornecem informações que permitem monitorar e avaliar o progresso ao longo do tempo e, para isso, é preciso ter clareza dos objetivos de aprendizagem que se pretende atingir e quais as evidências de que foram atingidos para que se possa passar para a próxima etapa.

Baseados nesses pontos, Palloff e Pratt (2015) comentam sobre as avaliações na forma de testes já ofertados pelos ambientes virtuais de aprendizagem, e que esse é um dos modelos mais frequentes de avaliação, desde que exista clareza de que essas avaliações podem envolver o que eles chamam de “fraude”, mas que isso não deveria incomodar os docentes, pois sabemos muito bem que uma prova (que, nesse caso, seria) com consulta pode oferecer alta mobilização cognitiva se for bem elaborada. Além delas, as produções dos estudantes que envolvam diferentes linguagens, como textos, vídeos, esquemas, livros digitais, etc, podem garantir a abrangência e a continuidade. Porém, acima de tudo, devem garantir a coerência do processo: não se avalia de forma diferente do que foi oferecido como experiência de aprendizagem.

Referências

Littlefield, Jamie. “State-by-State List of Free Online Public Schools, K–12.” ThoughtCo, Feb. 11, 2020, thoughtco.com/free-online-public-schools-4148138.

PALOFF, Rena M. e PRATT, Keith. Lições da sala de aula virtual: as realidades do ensino online. Porto Alegre: Penso, 2015.